O ser humano tem um fascínio antigo pela imortalidade, imaginando-se livre das amarras do envelhecimento e da morte.
No mundo real, um organismo se destaca nessa busca: a Turritopsis dohrnii, uma água-viva imortal que pode, teoricamente, viver eternamente graças à sua incrível habilidade de regeneração.
O
segredo da água-viva Turritopsis dohrnii
A incrível Turritopsis, água-viva imortal – Imagem: YouTube/Reprodução
A descoberta desta água-viva capaz de desafiar a morte ocorreu de maneira quase acidental.
Christian Sommer, durante suas pesquisas na Riviera Italiana, notou que, ao invés de morrer, a Turritopsis dohrnii parecia rejuvenescer, revertendo ao seu estágio juvenil após atingir a maturidade.
Esta capacidade de “voltar no tempo” biológico despertou o interesse da comunidade científica mundial.
Por outro lado, o pesquisador japonês Shin Kubota observou que, ao remover espinhos do corpo desse animal, ele não apenas se curava rapidamente, mas regredia em seu ciclo de vida.
Esta fascinante capacidade regenerativa foi repetidamente testada entre 2009 e 2011, confirmando a possibilidade de rejuvenescimento contínuo.
Como esse fenômeno funciona?
A Turritopsis dohrnii pertence à classe dos hidrozoários, que começam sua vida como um ovo que se transforma em uma larva e, posteriormente, em um pólipo. Este último dá origem às medusas, que são as formas adultas capazes de reprodução.
No entanto, diferentemente de outras espécies, esta água-viva tem a habilidade única de retornar à forma de pólipo após a reprodução, reiniciando seu ciclo de vida.
Este processo, chamado transdiferenciação celular, envolve a transformação de células adultas especializadas de volta em células-tronco pluripotentes, que podem se transformar em qualquer tipo de célula.
É um fenômeno raro e pouco compreendido, mas que oferece pistas sobre como os processos de envelhecimento e morte poderiam, um dia, ser manipulados.
Apesar de seu potencial para ensinar muito sobre regeneração celular e tratamentos médicos, a Turritopsis dohrnii ainda é um mistério para os cientistas.
Pesquisadores como Sérgio Stampar (do Laboratório de Evolução e Diversidade Aquática do campus de Assis da Unesp) e Antonio Carlos Marques (do Instituto de Biociências da USP) destacam que, embora distante, a possibilidade de aplicar esses conhecimentos em humanos poderia revolucionar a medicina, permitindo a regeneração de tecidos e órgãos de maneira inédita.