Atualmente, os vírus de computador são criados para causar estragos nos sistemas que infectam.
Alguns desses programas maliciosos ficam escondidos, espionando usuários e roubando informações pessoais e senhas sem serem percebidos.
Há até mesmo casos em que inteligências artificiais são usadas para capturar o que você digita.
Cerca de 40 anos atrás, um estudante desenvolveu um dos primeiros malwares digitais. Diferentemente dos atuais, o software não tinha intenções tão maliciosas assim.
Embora o Creeper (1971) tenha sido anterior, o Elk Cloner (1982) é reconhecido como o primeiro vírus de contaminação em massa.
Primeiro vírus de computador apresentava um poema na tela – Foto: Canva Pro/Reprodução
Vírus foi criado para ser uma brincadeira
Em 1982, Rich Skrenta programou o Elk Cloner, um vírus de computador que mirava nos computadores Apple II.
Tais computadores eram muito populares na época e rodavam o sistema operacional Apple DOS 3.3, projetado por Steve Wozniak, um dos cofundadores da Apple.
O Elk Cloner agia como um vírus de inicialização, ativando-se antes mesmo do sistema operacional real iniciar, instalando-se na memória da máquina.
Aos 15 anos, o programador do vírus, Rich Skrenta era conhecido por desenvolver pequenos jogos e sempre recebia perguntas sobre suas criações.
Irritado com isso, ele decidiu criar um programa que se espalhasse secretamente. O vírus foi capaz de permanecer indetectado por um longo período.
Como o vírus agia
O Elk Cloner era inofensivo, agindo mais como uma brincadeira do que uma ameaça real. Ele se espalhava apenas por meio de disquetes de 5,25 polegadas, nos quais o vírus se escondia no setor de inicialização.
Após invadir um computador, ele podia se propagar para outros disquetes inseridos na mesma máquina, multiplicando-se dessa forma.
Discos infectados inadvertidamente foram transmitidos, permitindo que o Elk Cloner penetrasse em cada vez mais sistemas.
Depois que um usuário inseria um disquete pela 50ª vez desde o ataque do vírus, o vírus de inicialização tornava-se visivelmente ativo.
O conteúdo da tela ficava preto e o computador exibia um poema rimado (em inglês) de Rich Skrenta com a intenção de assustar o usuário. Elk Cloner mostrava:
“O programa com personalidade
Ele vai ficar em todos os seus discos.
Ele vai se infiltrar em seus chips.
Sim, é o Cloner!
Ele vai grudar em você como cola.
Ele vai modificar sua RAM também.
Envie o Cloner!”
A Apple lançou então um dos primeiros antivírus para remover o Elk Cloner dos dispositivos. Depois de todos esses anos, Skrenta se arrepende de sua “brincadeira de estudante”.
Ainda hoje ele é mais conhecido por Elk Cloner e menos por seus outros trabalhos. Ele escreveu sobre isso em seu blog skrenta.com (que não está mais disponível).
“Incrível. Programei muita coisa para o Apple II: jogos de aventura, compiladores, um sistema operacional. E o truque mais idiota que já escrevi gerou o maior interesse até agora.
Os vírus são muito comuns hoje em dia. Você não pode colocar o gênio de volta na garrafa. O único consolo que encontro é que o fantasma teria saído de qualquer maneira. Mas é muito divertido ser o primeiro a deixá-lo sair”, confessou o programador.
A história destaca como uma simples brincadeira se transformou em um dos primeiros exemplos de vírus de computador a se espalhar, mesmo sem a presença da internet.
O Elk Cloner demonstrou como até mesmo pequenos programas podem ter um impacto significativo e influenciar o desenvolvimento da segurança digital.
Com informações do site IGN Brasil.