As curiosidades e interesses dos pesquisadores em relação ao planeta Marte persistem até hoje e motivam uma série de investidas científicas. A Nasa, por exemplo, já mantém há mais de 2.055 dias a sonda Curiosity no planeta vizinho.
Os registros feitos por ela ajudam a desvendar uma série de detalhes, além de gerar novas imagens sobre o planeta vermelho e aumentar as expectativas em torno da famosa pergunta: existe vida em Marte?
Todo esse burburinho em torno do planeta nos faz lembrar do renomado cientista e astrônomo norte-americano Carl Sagan, que possuía um verdadeiro fascínio por Marte e cultivava a ideia de que um dia os humanos poderiam visitá-lo.
Astrônomo deixou mensagem antes de morrer
Astrônomo Carl Sagan. Foto: Reprodução
Sagan morreu em dezembro de 1996, mas, depois de inúmeras pesquisas, fez questão de cumprir uma última tarefa. O cientista deixou gravada uma mensagem emocionante sobre Marte.
Ela é destinada a todos os exploradores do planeta que vierem no futuro. O astrônomo tornou-se um ícone da pesquisa espacial e chegou a ter um programa de TV, chamado ‘Cosmos: Uma Viagem Pessoal’, no qual promovia debates e divulgações científicas.
Em 1967, ele foi o primeiro a apontar, por meio de um estudo, que as nuvens de Vênus seriam um dos locais mais promissores do Sistema Solar na busca por vida extraterrestre.
Na gravação misteriosa e cheia de apreço pela ciência, deixada antes de morrer, Carl Sagan disse o seguinte:
“Olá, sou Carl Sagan. Estou onde costumo trabalhar em Ithaca, perto da Universidade Cornell, em Nova York. Você pode ouvir uma cachoeira próxima ao fundo, o que provavelmente é uma raridade em Marte, mesmo em tempos de altas tecnologias.
A ciência e a ficção científica fizeram uma espécie de dança no século passado, especialmente quando se trata de Marte. Os cientistas fazem descobertas.
Eles inspiram escritores de ficção científica a escrever sobre eles, e muitos jovens que lêem ficção científica e são inspirados para nos tornarmos os cientistas que descobrem mais sobre Marte, o que por sua vez alimenta outra geração de ficção científica e ciência; e a sequência que desempenhou um papel importante na nossa capacidade atual de chegar a Marte.
Foi certamente um fator importante na vida de Robert Goddard, o pioneiro no campo dos foguetes que, penso eu mais do que ninguém, abriu o caminho para a nossa capacidade real de ir a Marte. E certamente desempenhou um papel importante no meu desenvolvimento científico.
Não sei por que queremos ir a Marte. Talvez, porque percebemos que temos de agir com cuidado em torno de pequenos asteroides para evitar a possibilidade de um impacto com a Terra com consequências catastróficas e, enquanto estivermos no espaço perto de Terra, é apenas um salto, que nos levará para outro e outro para Marte.
Ou talvez queiramos ir para Marte porque reconhecemos que se existem comunidades humanas em muitos mundos, as possibilidades de extinção devido a alguma catástrofe no mundo será menor. Ou talvez queiramos ir a Marte por causa da magnífica ciência que pode ser encontrada lá.
As portas para um mundo maravilhoso estão se abrindo em nosso tempo. Talvez queiramos ir a Marte porque temos que ser, porque existe um profundo impulso nômade embutido em nós.
Nós, devido ao processo evolutivo, viemos, afinal, de caçadores-coletores, e 99,9% de nossa estadia na Terra fomos nômades.
O próximo lugar para caminhar será Marte. Seja qual for o motivo pelo qual queremos estar em Marte, estou feliz por estarmos lá. E gostaria de estar com você.”