Esse artigo visa analisar os impactos ambientais decorrentes do ciclo de vida de materiais, da implantação e da operação de uma solar fotovoltaica através dos meios biótico, físico e socioeconômico.
Durante a extração do silício, o impacto sobre o meio biótico é a degradação visual da paisagem; sobre o meio físico são apontados: poluição da água pela mineração; desmonte de maciços rochosos e terrosos compactados; e emissão de poeiras e gases devido a perfuração de rochas; e sobre o meio socioeconômico os ruídos e vibrações devido ao desmonte de material consolidado. Na metalurgia do silício, o impacto sobre o meio físico é devido a emissão de pó sílica formado como um subproduto do processo de fundição. No processo de purificação do silício, o impacto sobre o meio físico está ligado a emissão de Hexafluoreto de Enxofre, usado para limpar reatores, que é um potente gás de efeito estufa, além de chuva ácida; e no meio socioeconômico está ligado ao tetracloreto de silício, uma substância extremamente tóxica, que reage violentamente com a água, podendo causar queimaduras na pele, problemas no sistema respiratório e irritação dos olhos; e também ao uso de outros produtos químicos corrosivos (ácido clorídrico, sulfúrico, nítrico e fluorídrico) utilizados para remover as impurezas e materiais de limpeza de semicondutores.Na montagem de placas o impacto é sobre o meio físico devido ao uso de materiais como o chumbo usado para fiação e algumas pastas de impressão, e também o uso de prata e o alumínio para fazer os contatos elétricos da célula.
Os impactos ambientais decorrentes da construção e operação da usina solar fotovoltaica sobre o meio biótico estão relacionados a fauna: como a alteração do sucesso reprodutor; perda de habitat de reprodução e alimentação e alteração dos padrões de movimentação; sobre o meio físico os impactos estão ligados a degradação da área afetada como a terraplenagem e retirada e soterramento da cobertura vegetal, além da possível alteração do nível do lençol freático. E no meio socioeconômico os impactos apontados são: os ruídos e vibrações devido a instalação e transporte de equipamentos;,, o Impacto visual muito específico ao local; o ofusamento causado por possível reflexão da luz solar sobre as placas; e interferências locais como: aumento de fluxo de veículos, aumento temporário da densidade demográfica local, geração de emprego, dinamização das atividades econômicas, aumento da especulação imobiliária e resíduos sólidos e líquidos provenientes das atividades do canteiro de obras e das atividades construtivas.
A geração de eletricidade a partir da energia solar fotovoltaica tem-se mostrado convidativa, seja por constituir o aproveitamento de uma fonte renovável, seja por não apresentar a magnitude dos impactos ambientais geralmente associados às demais formas de aproveitamento energético, entretanto, esses impactos não podem ser negligenciados. Aliado ao crescimento do uso de energia elétrica advinda de fonte solar e as novas regulamentações econômicas de mercado encontra-se a preocupação ambiental de recuperação e reaproveitamento de áreas contaminadas e degradadas, como áreas de pastagem contaminadas, aterros sanitários, lixões, e mineradoras, desativados ou em processo. O uso dessas áres para construção de usinas pode ser uma oportunidade, e em alguns casos, uma solução de demandas.
Autor
Wilson Pereira Barbosa Filho
Analista ambiental da FEAM.