Os streamings estão em alta, afinal, quem não quer ficar atualizado das séries, filmes e outros conteúdos?
Apesar da boa fase, uma nova onda tem chamado a atenção nos Estados Unidos: as pessoas estão cancelando suas assinaturas com facilidade e passaram a ser chamadas de ‘assinantes nômades‘.
Segundo o New York Times, mais de 29 milhões de pessoas, número que representa aproximadamente um quarto dos assinantes de serviços de streaming pagos nos EUA, cancelaram três ou mais serviços nos últimos dois anos.
Esses dados foram divulgados pela Antenna, uma empresa de pesquisa especializada em assinaturas, e indicam um aumento rápido nessa tendência.
Rotatividade de usuários tem incomodado donos de empresas de streaming – Foto: Canva PRO
Esse número sugere uma mudança no comportamento do consumidor. Estamos nos afastando da época da TV a cabo, onde os telespectadores ficavam presos a um único provedor.
Também estamos deixando para trás os dias iniciais das chamadas ‘guerras de streaming’, quando as pessoas adicionavam novos serviços sem cancelar os antigos ou pulavam de um para outro.
Entre esses assinantes ‘nômades’, alguns estão gostando da conveniência de mudar de um serviço para outro com apenas um clique.
Com contratos mensais, essa troca fica ainda mais fácil. No entanto, um terço deles acaba voltando a assinar o serviço que tinham cancelado em seis meses, conforme revela a pesquisa da Antenna.
Flexibilidade na hora de cancelar pode ser o motivo
Conforme destacado pelo NYT, essa mudança oferece aos consumidores uma flexibilidade sem precedentes.
No entanto, as grandes empresas de mídia podem começar a sentir o impacto disso, especialmente se esse padrão de comportamento se generalizar.
Empresas como Paramount, Warner Bros. Discovery, NBCUniversal e Disney estão enfrentando desafios ao tentar migrar dos lucros da TV a cabo para o mercado de streaming, que não é tão rentável.
Um exemplo disso é a Peacock, da NBCUniversal, que teve um prejuízo de US$ 2,8 bilhões no ano passado.
Como consequência, as companhias estão cortando investimentos em programação. Em 2023, o número de novas atrações nos EUA registrou a maior queda em pelo menos 15 anos. Além disso, elas estão aumentando os preços de seus serviços de streaming.
Uma estratégia para reduzir a rotatividade, conforme sugerido pelos executivos, é reintroduzir elementos do antigo pacote de TV a cabo, oferecendo serviços de streaming em conjunto. Eles acreditam que os consumidores estariam menos propensos a cancelar um pacote que inclua serviços de várias empresas.
Nos Estados Unidos, a Disney obteve êxito ao combinar Disney+, Hulu e ESPN+ em um único pacote. Além disso, ela fez parcerias com diversas outras empresas, como a Fox e a Warner Bros. Discovery, para lançar um serviço de streaming esportivo, previsto para começar em setembro.
Os serviços também estão recorrendo a estratégias como enviar mensagens do tipo ‘em breve’ por meio das notificações dos aplicativos. Empresas como Disney e Apple TV estão adotando essa tática. Além disso, estão oferecendo promoções direcionadas especificamente para os assinantes que estão pensando em cancelar.
Por exemplo, este ano, pouco antes de transmitir seu primeiro jogo de playoff da NFL exclusivamente por streaming, o Peacock lançou uma oferta para reter novos clientes: um plano anual por US$ 30, metade do preço normal. De acordo com dados da Antenna, os consumidores não cancelaram o serviço no mês seguinte.