No vasto universo dos sons marinhos, os barulhos emitidos por baleias, golfinhos e tartarugas são bem conhecidos. No entanto, até hoje, os tubarões eram considerados seres silenciosos.
Muitos estudos feitos no passado não conseguiram encontrar evidências de sons produzidos por esses predadores. Essa ideia prevaleceu por muitos anos, até que uma descoberta recente mudou essa percepção.
Pesquisadores da Nova Zelândia identificaram que o cação-pintado-de-estuário, uma espécie de tubarão, pode “clicar” os seus dentes. Esses tubarões, que variam de 0,7 a 1,5 metro, são comuns nas costas neozelandesas e se alimentam principalmente de crustáceos.
A descoberta foi publicada na Royal Society Open Science por Carolin Nieder, especialista em bioacústica do Instituto Oceanográfico Woods Hole. Saiba mais a seguir!
A origem dos sons marinhos
Nos oceanos, muitas espécies de peixes ósseos emitem sons para comunicação ou defesa. Tubarões, por sua vez, são parte dos peixes cartilaginosos, junto com raias, que raramente produzem barulhos.
Apenas em 1970 foi registrado um som de arraia em cativeiro, sugerindo que essas criaturas poderiam, ocasionalmente, gerar sons.
Por muito tempo, os tubarões foram considerados silenciosos por uma questão evolutiva que aparentemente os ajudava na caça. Entretanto, a experiência de Nieder mudou esse quadro.
Um cação-pintado-de-estuário encalhado na praia – Imagem: Wikimedia Commons/reprodução
O curioso “clique” do tubarão
Carolin Nieder descreveu o som detectado em seu estudo como “faíscas elétricas”. Isso é uma surpresa, já que acreditava que os tubarões não produzissem sons ativos.
Os cliques, mais audíveis na água, parecem servir para afastar predadores. A frequência desses sons, entre 2.400 e 18.500 Hz, está fora do alcance auditivo dos tubarões, mas o pulso inicial pode ser detectado.
Confira no vídeo abaixo o som emitido por essa espécie de tubarão:
Outros dados interessantes da pesquisa feita na Nova Zelândia:
- Tubarão-balão-indiano e tubarão-balão-da-Tasmânia emitem sons quando retirados da água;
- O cação-pintado-de-estuário tem o primeiro registro de som intencional subaquático;
- Esse mecanismo é semelhante ao dos xaréus gigantes ao ranger dentes.
Eric Parmentier, coautor do estudo, sugere que esses cliques resultam do encaixe firme dos dentes do tubarão. O grupo de pesquisa planeja expandir os estudos para outras espécies de tubarões no futuro.
Por ora, recomenda-se que as pessoas evitem interagir com esses predadores, respeitando seu comportamento natural.
* Com informações da Revista Galileu