Com o aumento do uso da internet para vendas, é comum encontrar empresas que empregam técnicas enganosas para atrair os consumidores. Essa prática é conhecida como “deceptive patterns” ou “padrões enganosos”.
Na maioria das vezes, esses padrões usam principalmente técnicas de design para induzir alguém a tomar uma ação contra sua vontade.
Segundo o Instituto Brasileiro de Defesa do Consumidor (Idec), essas estratégias podem manipular as emoções do usuário e utilizar linguagem complexa para confundir o cliente.
Além disso, podem limitar as opções do consumidor ou induzi-lo a aceitar serviços com base em imagens enganosas.
As estratégias estão se tornando cada vez mais sofisticadas, e é provável que você já tenha sido alvo de uma delas em algum momento.
Veja a seguir os 6 principais tipos de técnicas listadas pelo Idec e que comumente são usadas em diversos meios, sobretudo no digital.
6 técnicas que empresas usam para enganar consumidores
Aprenda a identificar sinais de alerta e a fazer escolhas mais seguras ao comprar pela internet – Foto: FreePik/Reprodução
1. Valores ocultos
Esse tipo de prática é bastante frequente em lojas online.
Você seleciona diversos produtos, coloca-os no carrinho, segue todas as etapas da compra até o pagamento e, ao finalizar, percebe que há custos adicionais que não foram mencionados em nenhum momento anterior.
Geralmente, esses custos extras são taxas, seguros ou outras cobranças que não eram esperados pelo consumidor.
2. Confirmação por vergonha (ou confirmshaming)
Essa é uma técnica de manipulação na qual os usuários são levados a se inscrever e comprar produtos que parecem necessários ou desejáveis.
Um exemplo disso é quando decidimos comprar um celular novo e a garantia contra furto e roubo não está incluída.
Nesse momento, uma notificação aparece sugerindo adicionar o preço do seguro, acompanhada de uma mensagem que instiga o medo no consumidor, sugerindo possíveis problemas futuros com o celular.
Um caso semelhante ocorre ao planejarmos uma viagem e nos depararmos com a oferta de seguros de vida junto com o pacote de viagem.
A empresa induz uma preocupação, levando-nos a considerar a prevenção de possíveis incidentes.
3. Política de privacidade
Por meio de redações enganosas ou avisos visuais fraudulentos, o consumidor é induzido a concordar com a política do serviço utilizado.
Um exemplo marcante disso foi quando o WhatsApp informou que o aplicativo não poderia mais ser usado por quem não aceitasse sua nova política.
4. Assinatura não cancelável
É uma prática cada vez mais frequente em aplicativos. Eles oferecem um benefício ou produto gratuito, mas exigem que você cadastre seu cartão de crédito para acessá-lo.
Depois, tornam difícil o cancelamento da assinatura gratuita, resultando em cobranças por um serviço que você não contratou.
5. Clique sem querer
Esse método é bastante frequente nos stories do Instagram. Enquanto você passa os stories para o lado, uma propaganda clicável surge exatamente onde você toca para passar para o próximo story.
Essa tática está diretamente relacionada aos padrões de design. Os profissionais pesquisam onde é mais comum as pessoas tocarem na tela do celular e criam esses links que são acionados sem querer pelo consumidor.
6. Escassez sintética
Essa prática é bastante comum em sites de cursos e produtos digitais (e-books, apostilas etc.).
A plataforma inclui um contador de horas e dias para indicar a disponibilidade de uma determinada promoção e afirma que há apenas algumas vagas restantes.
No entanto, muitas vezes esse contador é enganoso. Quando chega a zero, ele simplesmente recomeça a contagem do início.
A tática da escassez também é bastante utilizada nas redes sociais.
Influenciadores postam em seus stories ou no TikTok que um produto que estão vendendo está em promoção por um tempo limitado, afirmam que é necessário acessar pelo link deles e que restam poucas unidades disponíveis.
Essa estratégia visa evitar que você tenha tempo suficiente para refletir antes de tomar uma decisão.
Esteja sempre atento e busque seus direitos
O Idec alerta que todas essas práticas são consideradas criminosas de acordo com o Código de Defesa do Consumidor e a Lei Geral de Proteção de Dados.
Portanto, se você foi prejudicado pelo uso dessas estratégias manipuladoras, tem o direito e deve buscar reparação pelos danos sofridos.
No site do Idec, existe uma seção dedicada a orientar os consumidores sobre como agir em diferentes situações.
Além disso, você pode buscar ajuda no Procon, órgão público de defesa do consumidor mais próximo de você.