A crescente utilização de inteligência artificial (IA) nas empresas levanta preocupações sobre suas implicações nas habilidades cognitivas dos trabalhadores.
A Microsoft, em colaboração com a Universidade Carnegie Mellon, conduziu uma pesquisa reveladora a respeito desse fenômeno. O estudo foca nos possíveis efeitos da IA generativa nas capacidades de raciocínio crítico dos profissionais.
Com 319 participantes que utilizam tais ferramentas pelo menos semanalmente, o levantamento busca compreender se a automação e o auxílio oferecidos pela IA prejudicam, na verdade, a capacidade de pensar de forma crítica.
Em sua justificativa, os pesquisadores expressam receios de que o uso inadequado dessas tecnologias possa resultar na deterioração das faculdades cognitivas humanas.
IAs podem diminuir a capacidade de pensamento crítico nos trabalhadores – Imagem: reprodução/Sergei Tokmakov/Pixabay
Como o estudo foi conduzido
Os participantes foram solicitados a descrever três exemplos de uso de IA no trabalho. As atividades incluíam criação, obtenção de informações e orientação.
Além disso, foi avaliado se eles utilizavam pensamento crítico e qual o grau de confiança que tinham ao empregar a IA. Quase todos os participantes relataram o uso do ChatGPT. Assim, o estudo identificou três principais transformações:
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A coleta de informações tornou-se verificação;
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A resolução de problemas virou integração de respostas;
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A execução de tarefas evoluiu para administração.
Risco da atrofia cognitiva
Pressões de prazos obrigam muitos profissionais a priorizar a rapidez em detrimento da verificação. Como resultado, ocorre o que foi denominado “atrofia cognitiva”.
As oportunidades de praticar o pensamento crítico diminuem à medida que cresce a dependência da IA para tarefas de rotina. Este panorama levanta preocupações sobre a dependência a longo prazo e sugere um declínio na resolução autônoma de problemas.
Para mitigar esses efeitos, os autores do estudo recomendam o desenvolvimento de estratégias que incentivem o engajamento crítico, em vez da aceitação passiva de resultados.
A proposta é que as ferramentas sejam projetadas para estimular tal engajamento, o que pode preservar as habilidades cognitivas dos trabalhadores.