Já parou para pensar o que ocorre com as redes sociais de alguém após a morte? Essa questão, que pode parecer distante, é uma realidade dolorosa para pessoas como Hayley Smith.
Após a morte do marido Matthew, ela se viu em uma batalha contínua com a manutenção da conta dele no Facebook, tentando transformá-la em uma página de memórias.
Vida após a morte no mundo digital
O processo para criar um memorial para o marido deveria ser simples: enviar a certidão de óbito. Porém, após mais de 20 tentativas, Hayley afirma que a situação permanece inalterada.
Isso evidencia uma lacuna significativa entre a promessa das plataformas digitais e a realidade enfrentada pelos usuários.
A questão das contas “memoriais” não é trivial. Plataformas como a Meta, proprietária do Facebook e Instagram, oferecem a possibilidade de converter o perfil de uma pessoa falecida em uma espécie de cápsula do tempo digital, em que fotos e memórias podem ser compartilhadas sem que novas interações sejam feitas.
Em contrapartida, outras redes, como o X (anteriormente Twitter), não possuem protocolos para transformar contas em memoriais, apenas a opção de desativação.
Hayley ainda sente a dor do luto, mas pretende transformar o perfil do seu marido – Imagem: BBC/Reprodução
O Google oferece alternativas interessantes, como as configurações para contas inativas, permitindo aos usuários decidir o destino de seus dados após um período de inatividade.
Apesar dessas escolhas, o cenário ainda é um campo minado emocional e técnico para os enlutados.
Perfis não gerenciados correm o risco de serem usados indevidamente, com dados pessoais potencialmente explorados para fraudes e outras violações.
A realidade é que, em um mundo onde nossa vida digital é quase tão vasta quanto a física, são diversas as implicações de não planejar o legado digital.
Especialistas como James Norris, da Digital Legacy Association, e Sarah Atanley, enfermeira investigadora, enfatizam a importância de considerar todos os aspectos digitais que compõem nossas vidas.
Desde fotografias e vídeos até contas bancárias e perfis em jogos online, cada elemento digital requer consideração para garantir que nosso legado seja preservado conforme nossos desejos.
A experiência de Hayley ilustra a necessidade de uma mudança nas políticas das plataformas sociais para simplificar o processo para os enlutados.
As dificuldades enfrentadas por ela destacam como tais empresas poderiam ser mais proativas na assistência a essas situações delicadas.
É imperativo que haja mais consciência sobre as opções disponíveis e como acessá-las, além de considerar a criação de procedimentos menos dolorosos para quem já enfrenta um momento extremamente difícil.
As plataformas digitais, enquanto facilitadoras de conexões durante a vida, devem também prover formas dignas de manter a memória dos que se foram, sem causar mais sofrimento aos que ficam.
Com informações do site BBC Brasil.