Nos últimos anos, a ciência tem vivenciado um avanço notável em termos de descobertas subaquáticas. De círculos misteriosos a relíquias submersas da era romana, essas explorações continuam a descortinar segredos da Terra.
Entre essas descobertas fascinantes, destaca-se a revelação de milhares de ovos gigantes vivos dentro de um vulcão subaquático próximo à ilha de Vancouver, no Canadá. A descoberta foi feita em 2019 e está sendo divulgada agora.
Descobertas anteriores, como a de ovos de dinossauro intactos na China em 2021, destacaram a capacidade da ciência em desvendar nossa história.
Contudo, a descoberta de ovos vivos em um vulcão que se acreditava extinto é ainda mais surpreendente. Esta descoberta não apenas redefine nossa compreensão desses ecossistemas, mas também desafia conceitos previamente aceitos sobre a vida marinha.
Essa descoberta única oferece aos cientistas uma nova perspectiva sobre como as espécies de águas profundas se adaptam às condições extremas.
O calor geotérmico do vulcão, considerado extinto, agora é visto como um incubador natural para os ovos da raia branca do Pacífico, fornecendo-lhes o ambiente ideal para o desenvolvimento.
O tal vulcão subaquático da ilha de Vancouver
Por muitos anos, o vulcão submerso perto da Ilha de Vancouver foi considerado extinto, conforme citado acima. No entanto, em 2019, a expedição liderada pela bióloga Cherisse Du Preez revelou um vulcão ativo, capaz de liberar água morna rica em nutrientes e minerais.
Essa descoberta surpreendeu a comunidade científica, que antes acreditava ser a área fria demais para sustentar vida marinha significativa.
A que animal pertenciam os ovos encontrados?
Os ovos encontrados em Vancouver pertencem a uma raia branca do Pacífico (Bathyraja spinosissima), uma espécie que vive em águas frias e profundas, possui características únicas.
Seus ovos são gigantescos, medindo cerca de 1,5 pés de diâmetro, e são conhecidos como “bolsas de sereia”. Esse nome deriva de seu formato peculiar, semelhante a bolsas.
Fêmeas adultas dessa espécie podem chegar a dois metros de comprimento e são encontradas a entre 800 e 3 mil metros de profundidade no oceano.
Raia branca do Pacífico – Imagem: thetravel.com/reprodução
Adaptação e estratégia de incubação da raia branca do Pacífico
As fêmeas da raia branca do Pacífico usam o calor do vulcão para acelerar o período de gestação de seus ovos, que dura aproximadamente quatro anos.
Esse ambiente quente cria um berçário natural, oferecendo aos filhotes uma excelente oportunidade de desenvolvimento.
Além disso, o cume do vulcão abriga corais que servem como um habitat seguro para os juvenis antes de se aventurarem em águas mais profundas.
Comparações com outras descobertas
Descobertas semelhantes ocorreram nas ilhas Galápagos em 2018, onde pesquisadores encontraram ovos de raia perto de fontes hidrotermais.
Apesar de menores, esses ovos demonstraram que diferentes espécies de raia usam ambientes aquecidos como berçários naturais. Esses achados reforçam a importância das fontes hidrotermais para a reprodução de espécies marinhas.
Futuro da pesquisa e proteção
Após a descoberta inicial em 2019, a equipe liderada por Du Preez continua a investigar o vulcão subaquático.
Em 2023, registraram imagens de raias botando ovos e identificaram múltiplas espécies usando o mesmo local de incubação. A intenção é proteger o ecossistema contra a pesca excessiva, garantindo a manutenção desse habitat essencial.