O enigmático monumento de Stonehenge, situado na planície de Salisbury, sul da Inglaterra, tem fascinado estudiosos e visitantes por milênios.
Composto por imensos blocos de pedra dispostos em configurações precisas, sua construção remonta a períodos entre 3000 a.C. e 1800 a.C. Por muito tempo, acreditou-se que Stonehenge servia apenas a propósitos religiosos e astronômicos.
Diferente de outros círculos de pedra encontrados na Grã-Bretanha, o local se destaca pela complexidade arquitetônica e pela logística por trás da sua construção, via transporte de materiais de regiões distantes.
Em um estudo recente, evidências apontam que o monumento pode ter sido parte de um grande projeto de unificação das populações britânicas. Esta nova perspectiva propõe que a construção simbolizava mais que rituais ou alinhamentos celestes, como antes se pensava.
A beleza enigmática de Stonehenge – Imagem: Wikimedia Commons/reprodução
Um novo propósito de Stonehenge pode ter sido revelado
Uma pesquisa publicada na Archaeology International recentemente lança luz sobre o real motivo por trás da edificação de Stonehenge.
Com base em estudos realizados em agosto de 2024, os pesquisadores revelaram que a pedra do altar, uma das principais do monumento e que pesa seis toneladas, veio da Escócia.
Isso sugere que Stonehenge foi concebido como um monumento integrador para toda a ilha. Em outras palavras, seus pedaços podem ser tributos enviados de diversas regiões da Britânia para formar um símbolo de união.
Análises anteriores já haviam destacado que a construção envolveu dois tipos principais de pedras: as “pedras azuis”, oriundas de Preseli Hills, no oeste do País de Gales, e os “sarsens”, extraídos perto de Marlborough.
O transporte de tais materiais, além de simbolizar cooperação, evidencia um planejamento intrincado e um significado ritualístico profundo.
Importância cultural e política
Tradicionalmente considerado um centro religioso e astronômico, Stonehenge também pode ter desempenhado papel político.
Os autores do estudo sugerem que as reuniões em Durrington Walls para festividades e sepultamentos refletem a ideia de um monumento de unificação e celebração dos laços ancestrais.
Mudanças demográficas
Durante a pré-história britânica, transformações demográficas significativas ocorreram e seus vestígios também podem ter correlação com Stonehenge.
Agricultores vindos do Oriente Médio chegaram há cerca de seis mil anos, mas foram gradualmente substituídos por migrantes Beaker, do continente europeu, por volta de 2500 a.C.
Erigido para possivelmente servir como um símbolo de união entre diferentes povos, Stonehenge paradoxalmente tornou-se um marco de mudança populacional.
Estima-se que pouco tempo após o surgimento do monumento, 90% da população circunvizinha já era composta por descendentes imigrantes e apenas 10% por agricultores locais.
Tudo isso só reforça a complexidade e as camadas que compõem a história fascinante de Stonehenge, um dos locais mais enigmáticos do mundo.