A Tecnologia da Informação, ou simplesmente TI, pode ser definida como o conjunto de atividades e soluções fornecidas pela computação.
Assim como todas as atividades humanas, a TI provoca impactos sobre o meio ambiente, como, por exemplo, a utilização de recursos naturais para a fabricação de hardware, o consumo de energia elétrica e a geração de resíduos conhecidos como lixo eletrônico.
Este artigo objetiva mostrar como a Tecnologia da Informação pode ser utilizada para reduzir os impactos da computação sobre o meio ambiente, através da adoção de práticas de TI Verde.
1. Referencial Teórico
As informações abaixo foram extraídas do Web site da Computerworld – “TI verde está nos planos de 70% das médias empresas brasileiras, diz estudo” e “TI verde: 5 dias para tornar sua empresa sustentável”.
Pesquisa realizada pela IBM mostra que a maioria das companhias no País implementaram ou vão adotar projetos de TI Verde.
Segundo estudo conduzido pela IBM, a maioria das médias empresas está tomando iniciativas para reduzir o impacto ambiental do uso da tecnologia. Mais de 70% das companhias médias brasileiras realizam ou planejam ter projetos de sustentabilidade ambiental, afirma a pesquisa.
O País é um dos que mais contam com iniciativas de virtualização de servidores, tecnologia presente em mais de 65% das empresas. No resto do mundo, aproximadamente dois terços das corporações pretendem utilizar a virtualização nos próximos 12 meses.
A pesquisa mostra que controle dos custos é o principal fator para adoção de iniciativas de TI Verde. Em 65% das empresas, as metas estabelecidas para os projetos são alcançadas, principalmente, em termos de economia de energia e redução dos gastos operacionais.
Metade das empresas, de acordo com o estudo, já implementaram algum tipo de medição do gasto de energia na infraestrutura de tecnologia. No Brasil, este índice é de 66%.
O trabalho a distância, de acordo com o estudo, é uma tendência. Até 60% das empresas dos Estados Unidos, Inglaterra, Índia e Brasil já usam o trabalho remoto, por meio de redes virtuais. Alemanha e França, no entanto, apresentaram adoção mais lenta do modelo.
Países com larga extensão territorial, como Brasil e Canadá, estão buscando, também, meios para reduzir viagens. Mais de 30% das empresas locais utilizam conferência remota, por exemplo, para definir estratégias ou, até mesmo, fechar negócios.
Outra boa notícia trazida pelo estudo é que 56% das companhias pesquisadas contam com programas de reciclagem de hardware. No Brasil, 60% das empresas de tecnologia adotaram o recondicionamento de seus servidores para melhora e eficiência energética.
A pesquisa foi realizada com mais de mil executivos de tecnologia de empresas que possuem entre 100 e mil funcionários no Brasil, Canadá, Dinamarca, Finlândia, França, Alemanha, Índia, Japão, Noruega, Suécia, Reino Unido e Estados Unidos. O relatório examinou 11 atividades em quatro áreas: virtualização e consolidação, eficiência energética, redução de viagens e aposentadoria de equipamentos antigos.
1.1 Práticas para tornar sua empresa sustentável
Uma reportagem realizada pela Computerworld nos Estados Unidos ouviu diversos líderes de TI e identificou cinco conjunto de ações bastante valiosas, que podem ajudar as empresas a torná-las mais sustentáveis. Confira abaixo:
• Crie ambientes que tornem viável projetos com foco em sustentabilidade
Organizações de todos os tipos e tamanhos estão tentando criar ambientes de trabalho mais sustentáveis. Algumas até vêm buscando a liderança na área com certificados oficiais que atestem essa condição.
Para tanto, os profissionais de TI são chamados a criar soluções. “Não é algo que costumamos fazer na condição de profissionais de tecnologia” diz o vice-presidente global de Energia e Utilites da IBM, Brad Gammons. Os profissionais de TI vão ter que pensar em como suas decisões causam impacto no projeto de sustentabilidade e, consequentemente, na forma em que as instalações da empresa afetam a infraestrutura tecnológica.
“O impacto é grande nos tipos de dispostivios usados, no local onde as pessoas serão alocadas, assim como nos espaços de trabalho que são desenhados, entre outras questões”, explica Gammon. O departamento de tecnologia também precisa entender melhor as infraestruturas complexas usadas para a manutenção de prédios inteligentes.
Tecnologia cuida dos espaços físicos, sistemas de segurança, controle de acesso e, em alguns casos, até mesmo dos sistemas de aquecimento e ar condicionado. “Nos velhos tempos, o gerenciamento de sistemas de edificações funcionavam como ilhas. Hoje, tudo se integrou no departamento de TI”, afirma o vice-presidente global de energia e sustentabilidade da Johnson Controls, Clay Nesler. A empresa é fornecedora de soluções de energia para edifícios.
De acordo com Nesler, os técnicos de TI devem entender as métricas e os sistemas de monitoramento que estão por trás dos edifícios sustentáveis e entender, com clareza, que eles possuem requisitos diferentes de outros sistemas relacionados aos computadores. “Você não pode resetar um ar condicionado da mesma forma que faz com um servidor”, diz.
“Há questões de segurança e de saúde ligadas ao uso do equipamento. Se o profissional olhar somente para o console de sistema, pode levar em consideração todas essas variáveis”.
• Mantenha regras que controlem as emissões de carbono
A TI passa a ter, também, a responsabilidade de cortar as emissões de carbono da empresa, mesmo aquelas que precisam manter uma rede de logística vasta. Assim, alguém da área de tecnologia deve entender de carbono e saber mensurá-lo nos produtos e processos por toda a companhia, diz Adrian Bowles, da Datamonitor.
Assim, a área de TI terá de colaborar com outras unidades de negócios para calcular, capturar e reportar todas as atividades de compra e saídas feitas por diversos departamentos. Ou seja, dentro do próprio departamento de tecnologia, por exemplo, pode-se avaliar quanto o desenvolvimento de uma aplicação vai emitir de carbono com a energia gasta com hardware em testes.
Todas as unidades possuem suas próprias questões do gênero. “Assim, o profissional de TI precisará entender a economia e as implicações do gerenciamento de carbono: o que é monitorado hoje, o que deveria ser monitorado e quais serão as demandas do futuro que também precisarão ser observadas”, explica Bowles. “Não dá para gerenciar o que não se consegue medir”.
• Procure se adequar às regulamentações ligadas ao meio-ambiente
Os líderes de tecnologia estão se deparando com leis e regulações que impactam tudo o que a TI produz, compra, descarta e emite de carbono. No Brasil, as iniciativas existem, mas ainda são incipientes. A regulamentação que existe no mundo é um excelente parâmetro, sobretudo pelo seu rigor, embora sejam realistas quando à possibilidade de se adotar uma postura mais verde e sustentável, sem impacto nos negócios.
• Adote políticas de gerenciamento de energia
Os profissionais da área de TI devem desenvolver um melhor entendimento sobre a necessidade de energia de toda a organização e como as pessoas se relacionam com os dispositivos elétricos, diz o diretor de marketing e ecotecnologia da Intel, John Skinner.
O executivo reconhece que a maior parte das companhias já possui pessoal específico para cuidar da conta de energia, mas acredita que os profissionais de TI é que deverão se envolver com a área e em tecnologias que começam a despontar, como a virtualização.
Além de desenvolver sistemas de monitoramento, criar data centers eficientes, pensar na tendência das redes inteligentes de energia elétrica e em seus requisitos, os profissionais também devem lidar com uma situação em que a alimentação não é suficiente para atender às necessidades da empresa em determinados locais. “A menor disponibilidade de energia também é algo que exigirá grandes esforços dos profissionais”, afirma o analista sênior da Datamonitor, Vuk Trifkovic.
• Reconstrua as habilidades já existentes
Análises de negócios: as empresas terão de incluir em suas soluções de análises de negócios módulos que direcionem projetos verdes. Para fazer isso, elas terão de determinar o que deve ser analisado e como apresentar os resultados e informações.
Gerenciamento de mudanças: mudar significa deixar o que já está definido para ações como, desligar monitores ao deixar o posto de trabalho, abandonar o scanner que fica sob a mesa, entre outras questões. É necessário entender como influenciar as pessoas para comprar a ideia da sustentabilidade.
Telecomunicações: os departamentos de TI imploram por especialistas na área, segundo Bammons. As iniciativas verdes também devem incluir redução de viagens, o que se traduz na necessidade de soluções avançadas de comunicações. A implantação de infraestrutura para possibilitar o trabalho remoto também conta muitos pontos.
Gerenciamento de ativos: as empresas começaram a analisar produtos com critérios verdes. Com isso, os líderes de TI precisam considerar novos fatores ao calcular o custo total de propriedade de seus ativos. Eles terão de considerar a quantidade de gases tóxicos que o ativo produz, além da eletricidade que consomem e o custo para realizar um descarte ecologicamente correto no final do ciclo de vida
2. Pesquisa
O conceito de sustentabilidade (ou desenvolvimento sustentável) surgiu em 1987, a partir de uma manifestação da ONU criticando o modelo de desenvolvimento econômico em vigor, que visava apenas o lucro. Assim, entende-se por desenvolvimento sustentável aquele que atende às necessidades das presentes gerações sem comprometer a disponibilidade de recursos para atendimento das necessidades das futuras gerações.
Atualmente este conceito vem sendo fortemente associado à preservação do meio ambiente, que por si só não traduz sustentabilidade. O desenvolvimento sustentável se dá em três aspectos: econômico, social e ambiental, crescendo à medida que a interseção destes aumenta.
Em outra linha, aparece a área da Tecnologia da Informação. O termo Tecnologia da Informação representa o conjunto de recursos tecnológicos e computacionais utilizados para geração, uso, armazenamento, processamento e comunicação da informação. A TI engloba também equipamentos, programas e comunicação de dados e tecnologias relativas ao planejamento de informática, ao desenvolvimento de sistemas, ao suporte ao software, aos processos de produção e operação, ao suporte de hardware, entre outros.
Como todas as atividades humanas, esse processo consome recursos naturais, provocando impactos negativos sobre o meio ambiente. Estes impactos podem ser verificados, por exemplo, ao se tratar da utilização de recursos naturais para a fabricação de hardware, do consumo de energia elétrica e da geração de resíduos e recursos considerados obsoletos, conhecidos como lixo eletrônico.
Por esta razão, a sustentabilidade começou a ser a pauta do dia dos CIO’s em TI. Muito pode ser feito pelo meio ambiente, começando pela adoção de ações simples, mas que são suficientes para ajudar a minimizar os impactos ambientais negativos da atividade, ou seja, a adoção do TI Verde.
3. Conclusão
Com a crescente expansão da TI Verde, as pequenas e médias empresas passaram a adotar tais medidas na busca pela sustentabilidade com ganhos econômicos e ambientais, antes seguidas somente por grandes empresas e corporações.
O conceito de TI Verde cresce também na sociedade mesmo que de forma inconsciente, já que a preocupação ambiental é assunto recorrente no dia-a-dia de todos. O que falta, de fato, é a conscientização do usuário doméstico de que a TI Verde também pode ser praticada em sua casa com pequenas mudanças de comportamento e ações voltadas à redução da emissão de CO2.
Para tal, é necessário fazer uso da reutilização e reciclagem de equipamentos, investimentos (quando necessários) em suprimentos com “selo verde” e evitar a subutilização de sistemas, otimizando o uso de quaisquer produtos sejam eles eletrônicos ou não.
4. Referencias Bibliográficas
COMPUTERWORLD. TI verde está nos planos de 70% das médias empresas brasileiras, diz estudo. 2009. Disponível em: < http://computerworld.uol.com.br/gestao/2009/05/05/ti-verde-esta-nos-planos-de-70-das-medias-empresas-brasileiras-diz-estudo/ >. Acesso em: 20 jan. 2011.
COMPUTERWORLD. TI verde: 5 dias para tornar sua empresa sustentável. Disponível em: < http://computerworld.uol.com.br/gestao/2009/10/04/ti-verde-5-dicas-para-manter-sua-empresa-sustentavel/ >. Acesso em: 20 jan. 2011.
Autor
Felippe Borges de Carvalho