Os dias estão realmente ficando mais longos? Segundo dados recentes do Serviço Internacional de Rotação da Terra e Sistemas de Referência (IERS), isso está acontecendo agora.
Em 2024, cada dia terá uma fração de milissegundo a mais do que qualquer dia desde 2019, com previsões apontando para março de 2025 como o mês em que vivenciaremos o dia mais longo dos últimos cinco anos, ultrapassando a marca de +1,63 milissegundos em 24 horas.
Por que os dias estão ficando mais longos?
Embora pareça insignificante, essa mudança na duração do dia tem implicações profundas para nossa sociedade tecnológica.
Desde a calibração de satélites GPS até a sincronização de redes de telecomunicações, um milissegundo pode fazer a diferença.
Para manter nossos sistemas em alinhamento perfeito com o tempo astronômico, pode ser necessário adicionar um “segundo intercalar” ao Tempo Universal Coordenado (UTC).
Mas o que está causando essa desaceleração? A explicação reside na mecânica celeste e na interação entre a Terra e a Lua.
As forças de maré exercidas pela Lua estão, lentamente, retirando energia rotacional da Terra, fazendo com que nossos dias se prolonguem gradualmente.
Curiosamente, estudos indicam que há cerca de 2 bilhões de anos, um dia na Terra durava apenas 19 horas, um fenômeno atribuído às marés atmosféricas solares, mais influentes do que a própria gravidade lunar.
Desaceleração da Terra tem como causa a retirada de energia rotacional – Imagem: PIRO4D/pixabay
Além disso, o derretimento das calotas polares também pode estar contribuindo para a alteração na taxa de rotação da Terra.
Com menos gelo nas regiões polares, a distribuição de massa do planeta muda, potencialmente afetando como a Terra gira sobre seu eixo.
Atualmente, o tempo é regulado pelo UTC, que ajusta a contagem do tempo para coincidir com essas mudanças na rotação da Terra.
Desde a introdução dos relógios atômicos, o UTC tem adicionado segundos ao relógio sempre que necessário para compensar a desaceleração da rotação da Terra.
O último “segundo bissexto” foi adicionado em 31 de dezembro de 2016.
Com o planeta apresentando uma aceleração em seus movimentos até julho de 2022, os cientistas estão atentos para entender melhor essas flutuações.
Os próximos anos serão cruciais para definir como ajustaremos nossa percepção de tempo e como isso afetará todas as facetas da vida moderna.