O Estado Novo, período ditatorial liderado por Getúlio Vargas entre 1937 e 1945, e a Ditadura Militar no Brasil, que se estendeu de 1964 a 1985, deixaram marcas indeléveis na cultura do país.
Durante esses momentos históricos, a censura governamental exerceu forte controle sobre o que poderia ser visto e ouvido pela população. Filmes considerados subversivos ou ameaçadores a tais regimes eram frequentemente banidos.
Com a intenção de revelar o impacto desse controle cultural, exploramos cinco filmes que, em algum momento, enfrentaram a proibição nas telas brasileiras devido à censura da Ditadura Militar.
Essas produções destacam temas que desafiaram as autoridades, o que simboliza a resistência intelectual e artística da época.
1. ‘Cabra Marcado Para Morrer’ (1984)
Dirigido por Eduardo Coutinho, o documentário brasileiro apresenta a história de João Pedro Teixeira, líder camponês assassinado em 1962.
As filmagens foram interrompidas após o golpe militar de 1964, sendo retomadas apenas 17 anos depois. O governo da Ditadura Militar via o filme como um “manifesto comunista”.
2. ‘Eles Não Usam Black-tie’ (1981)
A obra enfrentou uma rígida censura devido à sua abordagem sobre greves operárias no final dos anos 1970. Assim, o drama político-social explora dilemas enfrentados por operários em tempos de repressão.
Considerado subversivo, este longa necessitou de cortes e alterações antes de conseguir uma exibição limitada.
3. ‘Macunaíma’ (1969)
‘Macunaíma’ utiliza a figura do anti-herói para criticar a sociedade brasileira e recebeu censura por ser interpretado como uma ameaça ao governo militar, por abordar temas como desigualdade e racismo por meio de uma narrativa folclórica.
A liberação para sua exibição plena ocorreu apenas em 1985.
4. ‘O Grande Ditador’ (1940)
A sátira de Charles Chaplin ao nazismo e fascismo foi censurada no Brasil por ser vista como desmoralizante e comunista.
Liberado em 1945, após o Estado Novo, o longa teve sua proibição encerrada com o fim do governo de Getúlio Vargas.
5. ‘Terra em Transe’ (1967)
Na obra de Glauber Rocha, a representação de um cenário político desordenado foi vista como uma crítica ao regime militar.
Assim, essa obra-prima do Cinema Novo examina o caos político do período e a busca por identidade. A liberação do longa ocorreu somente com a condição de nomear um personagem como padre.
Esses filmes representam não apenas a resistência à censura, mas também a perseverança da arte e da liberdade de expressão em tempos difíceis.
A luta por um espaço cultural diversificado e crítico continua sendo um exemplo do poder da arte em desafiá-la e transformá-la.